27/12/2010

Contaminação midiática intoxica a alma, diz Papa

Ele rende homenagem aos anônimos que humanizam as cidades com o amor
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 9 de dezembro de 2009 (ZENIT.org).- Bento XVI constatou a intoxicação causada pelos meios de comunicação, que acostumam as pessoas “às coisas mais horríveis”, e rendeu homenagem aos homens e mulheres anônimos que humanizam as cidades com o amor.Foi o que o pontífice proclamou diante da estátua da Virgem, na Praça de Espanha, em pleno centro de Roma, aonde foi, seguindo a tradição, na tarde dessa terça-feira, solenidade da Imaculada Conceição. Bento XVI colocou um grande cesto de rosas ante a imagem coroada de Maria e afirmou que Maria repete aos homens de nosso tempo: “não tenhais medo, Jesus venceu o mal”.

Em sua meditação, o Papa começou constatando como “todo dia, de fato, através dos jornais, da televisão, do rádio, o mal é narrado, repetido, amplificado, acostumando-nos às coisas mais horríveis, fazendo-nos insensíveis, em certo sentido, intoxicando-nos, pois o negativo não se digere plenamente e dia após dia se acumula. O coração endurece e os pensamentos se tornam sombrios”.
Por esse motivo, acrescentou, a cidade “tem necessidade de Maria, que com sua presença nos fala de Deus, recorda-nos a vitória da Graça sobre o pecado, e nos leva a ter esperança, inclusive nas situações humanamente mais difíceis”.
“Na cidade vivem –ou sobrevivem– pessoas invisíveis, que de vez em quando saltam às primeiras páginas ou às telas da televisão, e são aproveitadas até o fim, enquanto a notícia e sua imagem chamam a atenção. É um mecanismo perverso, perante o qual infelizmente é difícil opor resistência. A cidade primeiro escondo e logo expõe ao público. Sem piedade ou com falsa piedade.”

“No entanto, em todo homem se dá o desejo de ser acolhido como pessoa e considerado como uma realidade sagrada, pois cada história humana é uma história sagrada e exige o maior respeito”, afirmou.
Em momentos em que acontece a cúpula mundial do clima em Copenhague, o pontífice explicou que “com frequência, nos queixamos da contaminação do ar, que em certos lugares da cidade é irrespirável”.
“É verdade –constatou–: requer-se o compromisso de todos para tornar a cidade mais limpa. E, no entanto, há outra contaminação, menos perceptível pelos sentidos, mas igualmente perigosa. É a contaminação do espírito, que faz que nossos rostos sorriam menos, sejam mais tristes, que nos leva a não nos saudar, a não nos olhar nos olhos”.

“A cidade está cheia de rostos, mas infelizmente as dinâmicas coletivas podem nos fazer perder a percepção de sua profundidade. Tudo o vemos superficialmente. As pessoas convertem-se em corpos e estes corpos perdem a alma, convertem-se em coisas, objetos sem rostos, intercambiáveis, objetos de consumo”, afirmou.
Por este motivo, explicou que “Maria Imaculada nos ajuda a redescobrir e defender a profundidade das pessoas, pois nela se dá uma perfeita transparência da alma no corpo. É a pureza em pessoa, no sentido de que espírito, alma e corpo são nela plenamente coerentes entre si e com a vontade de Deus”.

O Papa continuou rendendo homenagem publicamente “a todos aqueles que, em silêncio, sem palavras, mas com fatos, esforçam-se para praticar esta lei evangélica do amor, que leva adiante o mundo. São tantos, inclusive aqui, em Roma, e poucas vezes tornam-se notícia”.

“Homens e mulheres de todas as idades, que compreenderam que de nada serve condenar, queixa-se, jogar a culpa, mas que é melhor responder ao mal com o bem. Isso é o que muda a realidade; ou melhor dito, muda as pessoas, por conseguinte, melhora a sociedade”, disse.

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