10/03/2012

Dimensão litúrgica do canto


Para ser um ministro de música não basta conhecer a animação litúrgica ou  estar inserido em uma comunidade de crescimento. O animador  deve  estar  totalmente inserido na  realidade  pastoral e missionária da nossa Igreja.

É importante que cada animador se pergunte: Que tipo de discípulo eu sou? Em meu canto ecôo a voz de Deus?  Por  meio  da  minha  voz ou meu instrumento, a comunidade sente-se motivada a elogiar o Autor que age em mim?

É fundamental que cada católico se pergunte:  Será  que  eu  estou colocando Jesus Eucarístico a minha frente? Ou eu estou querendo me colocar a frente Dele





Momentos da liturgia

"A liturgia, como exercício da função  sacerdotal  de  Cristo, comporta  um  duplo movimento: de Deus aos homens, para operar a sua santificação, e dos  homens a Deus, para que eles possam adorá-lo em espírito e verdade."

Por isso a liturgia, de um modo geral, pode ser entendida como um diálogo  entre o Deus-Trindade e o Homem-Comunidade.  Este  diálogo  é  composto  de  vários momentos. Cada momento tem o seu "espírito" próprio, seu sentimento  peculiar, e portanto uma expressão diferenciada. Ninguém pede  perdão  de  forma  triunfal, nem dá um Viva tímido. Cada momento da liturgia  exige  um  tipo  de  expressão musical.   Sem   conhecer   o   espírito  de  cada  momento  do  diálogo  litúrgico, corremos o risco de dar um Viva tão tímido que ninguém  se  sinta  estimulado  a responder.

Para melhor conhecer as diversas expressões e celebrações litúrgicas deveremos estudá-las com atenção e objetividade. Neste espaço estudaremos aquela  que  é o ápice da vida cristã: a Celebração Eucarística.

Cada Música da Celebração Eucarística tem seu  papel  e  Inspiração  própria  de cada momento litúrgico dentro da celebração. Estes momentos são os seguintes:

1. Ritos iniciais

Preparação

É um momento que foi esquecido durante algum tempo e agora está  voltando  ao uso. Enquanto alguns "acolhem" os irmãos que estão chegando para  a  festa  da Eucaristia,  o  ministro  de  música  pode  preencher  o  ambiente  com  um  solo instrumental. Alguns neste momento costumam  ensaiar  as  canções  que  farão parte da celebração. Pode-se também colocar um  disco  de  meditação,  ou  das músicas que se irá ensaiar. O importante é  criar  um  ambiente  de  vida,  pois  é Cristo, Verdade e Vida, que iremos celebrar.

Entrada

Toda a assembléia, unida em uma só  voz,  canta  a  alegria  festiva  de  reunir-se como irmãos em torno do  Cristo.  Esta  canção  deve  deixar  claro  para  toda  a assembléia, que festa, ou mistério do  Tempo  Litúrgico  (A  segunda  "perna"  do tripé litúrgico") iremos celebrar. Todo o  povo  deverá  ser  envolvido  na  execução desta canção.

A primeira impressão sempre marca  todo  o  relacionamento.  Assim  também  o canto inicial marcará toda a celebração.

Os instrumentos terão a função de unir, incentivar e apoiar o canto.  Não  deverão cobrir as vozes dificultando a compreensão do texto. Ninguém  participa  de  uma celebração para  ser  admirado,  ou  para  aumentar  seu  ibope  na  comunidade. "Tocar na Missa" é um serviço e uma oração. Todo este canto como a  procissão do sacerdote não deverão ser demasiado longas. O canto deve terminar quando o sacerdote chega ao altar.

Ato Penitencial

Neste canto aclamamos a Cristo como "Nosso  Senhor"  e  lhe  pedimos  perdão. É um canto de repouso. Sua melodia deve  traduzir  a  contrição  de  quem  pede perdão. Todo o povo  deve  participar  deste  canto,  mas  admite-se  um  diálogo solista-povo.

Não é necessário que este canto seja muito "Florido". A simplicidade é a  melhor forma de expressar o arrependimento. O instrumentista deve traduzir este espírito de confiança e invocação  acompanhado  de  modo  suave,  quase  imperceptível. Para isto pode-se até excluir a percussão deste momento.

Glória

Esta é a canção da alegria, o  canto  que  os  anjos  e  pastores   cantaram  para saudar o nascimento do redentor (cf. Lc 2,14). Desde o século IV que os  cristãos cantam. Houve uma época que só os bispos o podiam cantar. Hoje recomenda-se que toda assembléia cante o "glória" com ânimo e alegria. Para isso  é  útil  bater palmas, erguer  os  braços,  repicar  os  sinos  expressando  Glória  a  Deus  nas Alturas ... Mas é importante não  esquecer  duas  coisas:  Que  o  canto  e  suas expressões devem seguir a realidade da  assembléia; que  continuamos  com  os pés no chão, e que o nascimento de Cristo hoje depende de nossa boa vontade.

Este canto é excluído no advento e na  quaresma,  nos  outros  tempos  deve  ser executado e de preferência "Cantado". Não é  bom  que  seja  parte  exclusiva  do coral. Este poderá cantá-lo em diálogo com o povo.

O glória "não constitui uma aclamação trinitária",  Mas  deve  ser  antes  de  tudo uma manifestação da louvor a Deus-Pai e ao Cordeiro.

Os instrumentos têm papel importantíssimo neste canto. A percussão poderá ser bem explorada. É claro que a  "parte  não  deverá  sobressair  em  detrimento  do todo", mas neste canto os instrumentos poderão destacar-se um pouco mais.

II - Liturgia da Palavra

Salmo Responsorial

Dentro do diálogo litúrgico, este canto é a resposta da assembléia  ao  Deus  que falou na primeira leitura. Como diz  o  próprio  nome,  trata-se  de  um  salmo,  no entanto admite-se também um canto de meditação,  contanto que seja de origem bíblica e signifique uma resposta coerente  com  a  proposta  divina  expressa  na primeira leitura. Este canto  não  deveria  ser  nunca  excluído  pois  é  de  grande importância à liturgia da palavra.

Pode  ser  executado  por  um  solista  nas  estrofes  com  a  adesão  de  toda  a assembléia no refrão. O acompanhamento dos  instrumentos  deve  ser  discreto, exceto quando o salmo for festivo e acompanhado por todo o povo.

Aclamação ao Evangelho

Geralmente (menos no advento e na  quaresma)  a  aclamação  mais  usada  é  o Aleluia, seguido de uma pequena estrofe que prepara a leitura do Evangelho.  Não é um canto obrigatório mas sendo executado, é preciso que seja uma aclamação pessoal e comunitária ao Verbo de Deus .  Ao  contrário  do  Salmo,  este  canto permite   movimento   e   participação  vibrante  dos  instrumentos.  Poderá  haver solista, mas o Aleluia deverá ser cantado por toda a assembléia.

Depois da Homilia

Em missas com crianças, ou em outras celebrações onde  a  reflexão  silenciosa seja difícil, pode ser entoado um cântico, no estilo  do  Salmo  Responsorial,  que venha a trazer uma manifestação em sintonia com o tema do evangelho.

Profissão de Fé

O Creio é uma resposta de fé e de compromisso da comunidade e do  indivíduo  à palavra de Deus. Nele  recordamos  toda  a  história  da  salvação.  Por  isso  não convém a utilização de formas abreviadas que  sejam  profissão  de  fé,  mas  que não resumam a fé cristã. Quando cantada,  deve  contar  com  a  participação  de todo o povo. No entanto pela estrutura rítmica da letra, isso se torna  muito  difícil. Uma opção seria cantar um refrão popular, entre uma recitação e outra do Creio.

Oração dos Fiéis

Esta oração poderá adquirir um tom mais solene quando cantada. As  invocações devem ser executadas por um solista, ao que o povo responde cantando.  Aqui  a participação dos instrumentistas é  suavíssima  e  até  dispensável,  podendo  ser usado apenas o teclado com som de órgão.

III - Liturgia Eucarística

Preparação das oferendas

Este  é  um  dos  cantos  menos  importantes  da  missa.   Neste  momento  nos preparamos para  oferecer  ao  Pai,  o  Cristo  "ao  qual  nos  unimos  oferecendo nossas vidas, nosso corpo como culto espiritual  agradável  a  Deus". Portanto, o grande ofertório da missa é após a consagração quando já não oferecemos o pão, o  vinho,  nossa   vida,  nosso   trabalho,  mas  o  próprio  Cristo  e  todo  o  resto transfigurado "Por Ele, com Ele e n’Ele".

Durante o canto de ofertório normalmente também ocorre a coleta , momento  em que colocamos um pouco do que é  nosso  em  comum.  Portanto  o  objetivo  do canto "de ofertório" é criar  uma  atmosfera  de  alegria,  partilha  e  generosidade. Pode-se dispensar o canto e os instrumentos fazerem um solo apropriado para  o momento litúrgico. Ou ainda participar com um canto de  oferta  que  o  povo  não conheça, desde que este não venha a distrair a atenção do povo.

Oração Eucarística

Tanto  o  diálogo  introdutório,  como  o  prefácio  e  demais  orações  podem  ser cantados e  dependendo  da  sintonia  entre  músicos  e  celebrante,  podem  ser acompanhadas pelos instrumentos. Desde que o celebrante ache  conveniente  e sinta-se apto para isso.

Santo

É dos canto principais, se não o principal, da liturgia. Nele toda a  assembléia  se une aos anjos e santos para proclamar as maravilhas do Deus Uno  e  Trino.  É  o primeiro canto em ordem de importância. É o canto dos anjos (Is 6,2s) e  também dos homens (Lc 19,38). Não teria sentido convidar os céus e a terra,  os  anjos  e os santos para cantar em uma só voz, e depois somente um coral ou  um  solista executar o canto. Este é essencialmente um canto  do  povo.  É  indispensável  a participação dos instrumentos para  solenizar  esta  vibrante  saudação:  SANTO, SANTO, SANTO!

Aclamações em particular

Há uma série de aclamações durante a  celebração  eucarística  que  poderia  ser cantadas. A Oração Eucarística V, por  exemplo,  permite  algumas  intervenções da assembléia. O mesmo pode afirmar da Oração Eucarística  para  missas  com crianças,  ou  sobre  a  Reconciliação.  O  "Amém"  poderia  ser  cantado  muitas vezes, especialmente depois da doxologia (Por Cristo, com Cristo e em Cristo ...) que é o grande amém da  missa.. Durante  a  consagração  é  melhor  o  silêncio, nem mesmo solos devem distrair a  atenção  da  assembléia  naquele  momento. Pode-se cantar sim a aclamação após a consagração (Eis o mistério da fé ...).

Pai-nosso

O Pai-nosso cantado por toda a assembléia tem grande força e significado. É um dos grandes pontos da  Missa,  exprimindo  de  modo  maravilhoso  a  comunhão entre os irmãos. Se não for cantado por todos, é preferível que  seja  recitado. Os instrumentos têm papel de sustentação, evitando distrair a atenção da oração.

Abraço da paz

É costume cantar uma canção alegre cuja  letra  lembre  fraternidade  e  caridade como fundamento da vida cristã. Deverá ser uma melodia  contagiante. Entretanto não é essencial que a assembléia cante.

Cordeiro de Deus

Esta prece, de origem Bíblica (Jo 1,29), faz alusão  ao  Cordeiro  Pascal,  que  se imola e tira o pecado do mundo. Pode ser cantado pelo coral  ou  solista,  mas  a assembléia deve participar da última petição: dai-nos a paz.

Comunhão

É o canto mais antigo da missa. Por ele, através da união  das  vozes,  queremos expressar nossa comum-união espiritual  em  torno  de  Jesus  Cristo.  Todos  ao redor da mesma mesa, congregados numa mesma igreja, participam  do  mesmo pão. A função do canto de comunhão é alinhavar esta união.

É comum escutarmos que se deveria fazer silêncio durante a comunhão para que um  pudesse  se  entreter  num  encontro  pessoal  com  Cristo.  Ë  certo  que  a comunhão dos Cristãos é um ato pessoal, mas deve manifestar-se através de um ato comunitário. E o canto de  comunhão  deve  propiciar  esta  manifestação  de comunidade. Por isso todo o povo deve participar entusiasticamente deste canto.

O Silêncio Eucarístico necessário ao encontro e oração pessoal com Cristo se dá no próximo momento.

Ação de Graças

Após a comunhão a assembléia, em silêncio, adora  e  agradece  a  presença  do Cristo Eucarístico. Após este breve silêncio pode-se  cantar  um  salmo  ou  outro canto de louvor ou de ação de graças. Este canto não pode e não deve  excluir  o momento de silêncio após a comunhão.

É preferível que este canto seja breve e executado por todos.  Por  isso,  também para os instrumentos, não convém longas introduções e interlúdios. É preciso que o ministro tenha a devida sensibilidade e discernimento para saber se este  canto é conveniente em tal momento. Evite-se o canto  de  ação  de  graças  quando  a celebração já estiver por demais prolongada

IV - Ritos Finais

Canto Final

Antes da benção entoa-se uma ou duas estrofes de um canto alegre e que cause a última impressão que se  irá  levar  da  celebração.  Pode  ser  executado  com maestria, porém não deve ser muito prolongado. Um costume muito comum,  é  o de se aproveitar este canto final para  fazer  uma  homenagem  a  Maria,  mãe  de Deus e nossa.

Após a benção  pode-se  continuar  as  demais  estrofes  do  canto  final,  sem  a necessidade da participação do povo. Utilizem-se todos  os  recursos  disponíveis para que este encerramento crie a predisposição  para  o  povo  retornar  à  Festa Eucarística.

Fonte: http://www.cantemos.com.br/

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